Quantas vezes inicias o dia com uma to do list bem definida e, quando dás conta, regressas a casa com uma sensação de frustração? Passaram-se 10 horas e só realizaste metade das tarefas da tua lista. E, para aumentar a tua deceção, nem sequer te lembras de como as horas passaram ao certo.
A verdade, é que estes dias se repetem frequentemente. Porém, a boa notícia é que as técnicas meditativas estão à tua disposição durante 365 dias e 24 horas por dia, como uma ferramenta que te ajuda a ultrapassar os desafios diários.
A investigação recente dá provas sólidas de que a prática regular de concentração e de consciencialização no momento presente aumenta a quantidade de massa cinzenta, estimula a criatividade e desenvolve a capacidade de não reagir aos estímulos externos de forma impulsiva.
Mais uma reunião. E agora?
Em tempo de pandemia, a quantidade de meetings cresceu exponencialmente. Esta “nova” forma de comunicar dentro da realidade empresarial veio para ficar e, mesmo com o regresso gradual ao trabalho presencial, as reuniões online vão permanecendo na agenda.
Apesar de se poupar tempo em viagens, estas reuniões tornam-se demasiado cansativas, criando um enorme desgaste mental e uma pressão permanente a quem está, constantemente, a ser solicitado.
Quantas vezes a reunião das 9h30 ainda não terminou e o “team leader” da reunião seguinte já te está a dizer “Já estamos aqui. Até já.”? Nesse momento, sentes aquele arrepio a percorrer todo o corpo e o stress começa a instalar-se em ti.
E é neste momento que medeia duas reuniões que podes praticar os seguintes passos:
Fixar o olhar num ponto ou num objeto, para ajudar na preparação para a meditação. Por exemplo, esticar o braço com o polegar para cima. Subir e descer o braço, acompanhando o polegar com o olhar, sem mexer a cabeça;
Bater com vigor uma palma da mão contra a outra, friccionar as mãos e colocá-las por cima dos olhos fechados.
Desta forma, “desligas” a mente e permites-te focar no assunto seguinte para entrar na nova reunião com um novo ânimo e vigor. A tua mente está focada no momento, partilhas ideias de uma forma assertiva e diplomática. E, no final de um dia de meetings, ainda tens vontade para ir treinar, brincar com os teus filhos e cozinhar criativamente acompanhado(a).
Para todos os desafios, existe uma solução à espera de ser descoberta
Vivemos numa época em que somente a atividade é valorizada. Mas esquecemo-nos que a passividade é tão ou mais importante, já que é esta que permite reestabelecer e rejuvenescer os níveis de energia.
No dia a dia, o trabalho exige-te proatividade, criatividade, agilidade mental, inovação na resolução dos problemas, assim como uma atitude de curiosidade permanente. De repente, o “ontem” passa a ser o deadline, e torna-se urgente concentrares todas as tuas energias na geração de novas ideias e na conceção e no desenvolvimento de novos produtos, serviços, sistemas e processos.
Mas todos os departamentos precisam de fôlego para “pensar fora da caixa” e as técnicas meditativas podem ser esse balão de oxigénio. Segundo o estudo “How Mindfulness Can Help Engineers Solve Problems”*, 15 minutos de prática de meditação podem melhorar a originalidade e a capacidade de inovar.
Assim, quando for preciso ativar a criatividade, experimenta a seguinte técnica:
• Fechar os olhos;
• Inspirar pelo nariz profundamente e durante a expiração (também pelo nariz) produzir um som parecido ao zumbido da abelha, de forma harmoniosa, contínua e vibrante;
• Concentrar a atenção no ponto entre as sobrancelhas;
• Repetir 5 vezes e ganhar consciência do som a ecoar em toda a cabeça.
Inspirar e expirar antes de reagir
O dia está a correr bem. A reunião de kick-off fluiu sem surpresas e até ficaste a saber que “caiu” o cliente X que permitirá aumentar a produção em 20%.
Não fosse tudo estar a correr sobre rodas, recebeste aquele email que faz a tua pulsação disparar. As tuas palavras saem sem pensar ou refletir e começas a caminhar sem destino pré-definido. Reages aos estímulos externos de forma impulsiva e não controlas a agressividade. Tornas-te inflexível, ao nível mental, fixando os teus pensamentos em estratégias ineficazes de resolução do “problema”. E obtens resultados insuficientes, adotando a postura de vitimização, em que o “mundo está todo mal” e em que os “outros estão todos errados”.
Quando perceberes de que te estamos a deixar descontrolar, experimenta:
• Observar a reação do nosso corpo, em específico a zona do peito e do abdómen;
• Cair na conta que a nossa respiração acelerou;
• Inspirar em 4 tempos (contar mentalmente até 4), observar o abdómen a dilatar;
• Expirar em 8 tempos (contar mentalmente até 8), observar o abdómen a recolher;
• Concentrar a atenção num objeto, por exemplo, no som do portátil.
E agora sim, voltas a ler o email. Com calma, respondes.
Reagir impulsivamente e de “cabeça quente”, preenche-te com uma indignação que te pode fazer ler a situação de forma enviesada, dando-lhe significados que até podem nem se aplicar. É certo que te vai saber bem dizer aos outros que tu é que tens razão, porém, essa vitória é pouco duradoura, grandiosa e separa-te da nossa essência.
Quando ousas observar-te e experimentas “calçar os sapatos do outro” entendes que é melhor, para ti e para eles, respirar, meditar e só depois reagir. A partir de agora recorda-te de “bem respirar” antes de responderes àquele estímulo externo que te chegou de forma completamente desapropriada.
Bons hábitos criam sorrisos na mente, no coração e no rosto. Despertas o que há de mais belo em ti, no trabalho e em qualquer lugar. Despertas a nossa melhor versão.
Ana Martins
Fundadora e Instrutora de Yoga e Meditação do D’Anahata
Fontes
*How Mindfulness Can Help Engineers Solve Problems
by Beth Rieken, Shauna Shapiro, Shannon Gilmartin, and Sheri D. Sheppard
https://hbr.org/2019/01/how-mindfulness-can-help-engineers-solve-problems
*Chamada para a rede fixa nacional
**Chamada para rede móvel nacional